Telecentro de Araripe-CE |
Diferentemente do que talvez se
espere, os estudantes não se mostram muito empolgados ou sonhadores em relação
à inclusão da tecnologia na educação, mas isso pode ser explicado pelo fato de
que eles se encontram formatados para exigir o mínimo do ambiente escolar –
justamente aquele que deveria proporcionar grandes transformações em suas
vidas.
Falas de estudantes reunidas no
estudo “Juventude Conectada” incluem coisas como: “Não precisa ser tudo isso,
não. Só precisa que o Wi-Fi seja melhor” ou “Eu acho que tinha de bloquear as
redes sociais e liberar a internet para os alunos. Por exemplo, se você está
no meio da aula e o professor precisa que a gente faça uma pesquisa, podemos
fazê-la ali mesmo”.
(...)
Um estudo concluiu: Os jovens que não usam as novas tecnologias
para construírem relações com o que é aprendido na escola – na verdade, eles,
muitas vezes, utilizam seus celulares para se ausentarem daquele mundo. Isso
não significa, porém, que a proibição de telefones celulares em sala de aula
seja o suficiente, uma vez que, na escola, esses alunos distraem-se com ou sem
a presença de recursos tecnológicos.
Ainda segundo o estudo, é do professor a responsabilidade de
tentar criar situações de aprendizagem que incluam a utilização dos diversos
aparelhos tecnológicos, já que as tecnologias não fazem nada por si mesmas. Mas
é importante que essa introdução de tecnologia não perca o foco no processo de
aprendizagem, contribuindo para que os alunos criem uma relação com o conteúdo
de sua disciplina.
Por mais que a cooperação entre docente e tecnologia para auxiliar
no progresso do ensino seja importante, no entanto, Salatino afirma que não se
pode deixar iludir. Em determinadas situações, será difícil introduzir recursos
tecnológicos.
Grande parte dos estudantes de classes populares não compreende o
ensino em instituições escolares como meio de ascensão social. “Os jovens devem
crescer em dois mundos: o juvenil e o escolar.
(...)
A pesquisa “Juventude Conectada” também observou uma relação
contraditória envolvendo internet e estudos: “Se, por um lado, é apontada como
valiosa ferramenta de suporte e colaboração para a pesquisa de conteúdos
curriculares e para o acesso e recuperação de material dado em aula pelo
professor, por outro lado, é apontada como elemento de desconcentração e
dispersão – especialmente por seu uso prioritário para o acesso às redes
sociais”, diz o estudo.
Relatos de alunos confirmam: além de 57% deles acreditarem que em
muitos casos a internet atrapalha a aprendizagem ao distrai-los e reduzir seu
tempo de estudo, muitos dizem preferir um local sem acesso à internet para
estudar. Mas a dificuldade de concentração não é o único problema.
Apesar de serem ávidos usuários de redes sociais, muitos jovens
ainda têm uma visão conservadora sobre o potencial das novas tecnologias para
ajudá-los nos estudos, o que pode ser uma indicação de que eles não compreendem
bem o que significa a revolução tecnológica que estão vivenciando.
(...)
Precisamos ensinar a eles conceitos mais amplos de praça pública,
de ética, de construção de tecnologia, do lugar que a tecnologia pode ocupar no
desenvolvimento da própria cidade, por exemplo. Intensificar a importância da
internet dando poder a todo cidadão, garantindo que toda pessoa tenha condição
de criar os seus próprios conteúdos e de fato mudar muita coisa em seu entorno:
esse potencial não parece estar sendo tão explorado”, declarou Rodrigo Nejm,
diretor da SaferNet Brasil (ONG que atua na pesquisa e prevenção de crimes de
internet).
BIBLIOGRAFIA
PRADO, Ana. Entendendo
o aluno do Século 21 – E como ensinar a essa nova geração. Geekie –
Educação & Evolução, Junho/2015.
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