A tecnologia é um dos pilares da Bett
Brasil Educar e, na edição de 2016, foram muitos os painéis que
abordaram a necessidade de a escola abraçar a inovação – com intencionalidade
pedagógica, não como um acessório “moderninho”.
Por Marcela Lorenzoni
O professor José Moran é mais um que aposta no
impacto da tecnologia em sala de aula – mais especificamente, das redes
sociais. Em sua palestra, em conjunto com a professora Maria Alice Carraturi,
ele assinala características que tornam as redes tão apelativas para os jovens:
são colaborativas, velozes e não hierárquicas. “Quem está na rede, quer estar.
É diferente de uma aula em que o aluno é obrigado a sentar até o fim”, compara
Moran. Seria isso uma concorrência desleal com o trabalho do professor? Para o
professor, está mais para um complemento.
Não adianta, porém, tentar
replicar o formato das redes sociais em ambientes seguros dentro da escola –
assim, Moran garante que os jovens vão simplesmente migrar para a próxima
tendência. O valor das redes sociais está justamente na possibilidade de
interação e acesso a informações externas, “sem filtro”. Ao invés de
rejeitá-las, educadores precisam conhecer o funcionamento dessas redes e
aprender a utilizá-las de forma segura no processo de aprendizagem.
O professor precisa aceitar que seus alunos talvez não estudem nos modelos em que ele estudava quando era novo – o que não significa que não estejam estudando de uma forma que faça sentido para eles.
Paralelamente, a
professora Maria Alice não ignorou os riscos das redes sociais na
educação. O excesso de exposição e aumento da ansiedade foram pontos discutidos
ao longo da palestra; entretanto, prevaleceu a noção de que são males que podem
ser prevenidos com o ensino de cidadania digital desde a infância, algo que
deve se popularizar nos próximos anos.
Um perigo mais sutil é originado
da própria configuração das redes: você só se relaciona, e, portanto, só vê
quem concorda com suas opiniões. Para estimular debates, ainda vale o bom e
velho mundo real: os palestrantes apostam na sala de aula invertida, em que
alunos estudam antes, à distância, e, então, se reúnem presencialmente para
tirar dúvidas e trocar ideias.
Já no final do encontro, Moran
explicou que a geração atual de crianças e jovens possui o que é chamado de
“cérebro borboleta”: passa rapidamente por uma grande variedade de assuntos,
acessando cada um superficialmente (contrário de gerações anteriores, orientadas
a se debruçar longamente sobre um único conteúdo). Essa maneira de pensar e
aprender não está errada, ainda que seja diferente da do educador, e ele
precisa aceitar que seus alunos talvez não estudem nos modelos em que ele
estudava quando era novo – o que não significa que não estejam estudando de uma
forma que faça sentido para eles.
FONTE: Geekie
0 comentários:
Postar um comentário