Celulares e notebooks de última geração, redes sociais e jogos on-line. Como lidar com os filhos.
A
molecada está ligada. Literalmente. As crianças mal conseguem sentar-se sem
perder o equilíbrio e já ficam encantadas com os celulares dos adultos. Aos 3
aninhos, manipulam o mouse do computador com facilidade de fazer inveja a muitos.
Lá pelos 7, 8 anos, imploram por um iPhone e um notebook, têm perfil em redes
sociais e aniquilam adversários internacionais em jogos da web. É muita coisa
mesmo. Sobretudo aos olhos dos pais, que, por mais acostumados com tecnologia que estejam, foram
alfabetizados com livros de papel, faziam suas pesquisas em enciclopédias
pesadonas e, quando adolescentes, achavam o máximo da modernidade carregar um
tocador de CDs portátil.
O
lado positivo da overdose de tecnologia é o surgimento de garotos e garotas
mais bem informados e relacionados. Afinal, pesquisas que, há vinte anos,
levavam dias para ser feitas hoje são resolvidas com alguns cliques. Dúvidas
que costumavam ficar sem resposta ou demandavam consultas a livros nem sempre
disponíveis na prateleira de casa ou da biblioteca escolar também estão ali
pertinho, no bendito Google. Videogames exploram habilidades de raciocínio e
estratégia, e até servem de meio para pôr a meninada em contato com a turma de
vizinhos ou amigos estrangeiros feitos on-line. Os irmãos Clara e André
Hocevar, de 7 e 11 anos, realizam a maior parte de suas atividades educacionais
e de entretenimento nos aparelhinhos eletrônicos. A mãe deles, a promotora de
eventos Luciana Hocevar, não se queixa dos hábitos da duplinha. “Meus filhos
interagem, em tempo real, com pessoas de outras cidades, estados e até países.
Isso é fantástico.”
Nesse
vaivém de informações, a geração que nasceu plugada tem a possibilidade de
descobrir diferenças culturais, ficar mais esperta e reunir maiores chances de
se tornar adultos mais completos. Tudo isso, é claro, depende do acompanhamento
atento dos pais. Na casa de Vinícius e Gustavo Gil, de 7 e 9 anos, a internet e
os jogos de videogame não são proibidos. Mas há regras com relação ao horário e
eles ainda não ganharam um celular. “Acredito que ele não é uma ferramenta
necessária na idade em que estão”, afirma o administrador de empresas Wilson
Gil, pai dos meninos. Para quem quer ir mais a fundo no controle, já existem
softwares capazes de rastrear as atividades no computador.
Criança
com aparelhinho na mão sem adulto por perto não é mesmo um bom negócio. O abuso
da tecnologia já é foco de atenção de médicos e psicólogos em centros
especializados. No núcleo Dependência de Internet, do Instituto de Psiquiatria
do Hospital das Clínicas (HC), por exemplo, pacientes a partir de 11 anos
recebem auxílio para reduzir o tempo de conexão. “Certa vez atendi uma mãe
desesperada, que dizia com certo exagero que seu filho ficava 45 horas ininterruptas
no computador, sem comer nem levantar para ir ao banheiro”, afirma o psicólogo
Cristiano Nabuco de Abreu, do HC.
Fonte: Veja São Paulo
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